Um homem de 21 anos foi preso nesta quarta-feira (4/08) acusado de estuprar uma turista espanhola no distrito de Caraíva, em Porto Seguro. O crime aconteceu na madrugada do dia 25 de julho.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito preso é indígena e foi preso na aldeia Xandó, que fica em Caraíva, por agentes da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin).
De acordo com relato da vítima, ela pegou uma carona com um motorista de quadriciclo para o estacionamento Xandó. Ao chegar lá, dois homens a atacaram e abusaram sexualmente dela. os outros homens, além do motorista, ainda estão foragidos.
“É uma importante prisão realizada pelos nossos policiais. Conseguimos, com nosso trabalho de inteligência, identificar e prender o autor. Os outros dois que estavam com ele no momento do crime estão sendo procurados”, diz o coordenador da 23ª Coorpin, delegado Moisés Nunes Damasceno.
O indígena, que teve o mandado de prisão preventiva cumprido, está sendo encaminhado para a sede da Coorpin, em Eunápolis, onde ficará à disposição da Justiça.
Violência sexual se intensificou nos últimos dois anos
Os casos de estupro e assédio sexual começaram a preocupar a comunidade em 2019. O estopim das discussões sobre a insegurança das mulheres foi o estupro de uma moradora, no dia 14 de dezembro daquele ano. A cozinheira Mila Simões, 36 anos, caminhava pela Praia da Ponta do Nego, quando o crime aconteceu.
“Era luz do dia, com a praia teoricamente movimentada, eu estava caminhando e ouvindo música. Um ato normal de alguém que mora na praia”, recorda a carioca, que tinha firmado residência em Caraíva no verão de 2017, depois de passar o Réveillon do ano anterior no vilarejo.
Na época, “existiram outros casos, que não tiveram repercussão”, alerta Mila. As mulheres ainda temem denunciar a violência sexual – seja por represália da comunidade ou recepção nas delegacias – e esse “outros” fogem das estatísticas. A reportagem mapeou dois deles, além do crime contra a carioca. Mila levou o caso até uma delegacia de Porto Seguro. Até hoje, dois anos depois, ninguém foi preso. Também não houve exame de corpo de delito. “O laboratório só iria abrir vários dias depois e minha lesões no corpo teriam saído nesse tempo”, diz Mila.
O crime de estupro não ocorre só quando há penetração. A legislação brasileira considera qualquer ato libidinoso realizado mediante força ou ameaça contra alguém, sob pena de 6 a 10 anos. “O delegado nem usou a tipologia de estupro”, lembra Mila. Se não teve repercussão judicial, em Caraíva, pelo menos, o caso dela mobilizou a comunidade feminina.
Na mesma semana, mulheres criaram o grupo Caraíva sem Assédio, organizaram reuniões, espalharam faixas contra o assédio pelo vilarejo e distribuíram sprays de pimenta entre elas.
“Machismo e abuso sempre aconteceram por aqui. Mas, agora, as pessoas estão falando mais e está ocorrendo mais, por ter lugares mais afastados com pessoas morando. É muita gente sem controle do poder público para estruturar e receber todo mundo”, opina, coletivamente, o Caraíva sem Assédio.
Em janeiro de 2020, depois de reuniões e campanhas, no entanto, outro estupro ocorreu no vilarejo. No dia 21, Maria do Carmo Ribeiro, 27, publicou nas redes sociais: “Fui estuprada e não vou me calar”. O crime ocorreu na casa de Maria, nos limites da Aldeia Xandó. A vítima dormia quando teve a casa invadida por um homem.
O homem, identificado como Tácio Bonfim pela polícia, foi preso à época e é suspeito de cometer abusos contra mais cinco mulheres em Caraíva, segundo o Ministério Público da Bahia.
Por: Girobahia / Fonte: Correio
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