Visitamos ateliê do estilista Ricardo Almeida para mostrar os detalhes da roupa que as 74 pessoas da delegação vestirão no Mundial; atletas utilizarão echarpe em vez de gravata
Se dentro de campo a seleção brasileira desponta como uma das favoritas para a conquista da Copa do Mundo do Catar, fora dele a expectativa é também fazer bonito no quesito elegância, apostando na alta-costura.
Os 74 profissionais que integrarão a comitiva brasileira, entre jogadores, membros da comissão técnica e demais funcionários da CBF, desembarcarão na cidade de Doha, em 19 de novembro, vestindo trajes assinados pelo renomado estilista Ricardo Almeida.
As roupas dos 26 atletas serão diferentes das demais. A gola da camisa será reta, semelhante à do uniforme de jogo, e em vez de gravata eles utilizarão um echarpe.
– Nós também pensamos: quais são as cores do Catar, do deserto? Não são cores fortes. Assim, chegamos ao azul lavado como cor das calças e paletós – explicou Ricardo Almeida, que recebeu a reportagem do ge em sua fábrica, no bairro do Bom Retiro, no bairro do centro de São Paulo.
Todas as peças foram feitas sob medida. Houve casos de pessoas que passaram por quatro provas diferentes. O processo começou no início do ano e teve sequência ao longo das datas Fifa – a última em setembro, na França, contou com a presença de Ricardo Almeida no hotel em Paris.
Como não sabe quais atletas estarão na Copa, o estilista tirou as medidas de aproximadamente 40 possíveis convocados. Alguns deles já estão descartados, casos de Arthur e Guilherme Arana, machucados.
Ricardo Almeida está preparado até mesmo para uma eventual surpresa do técnico Tite – que costuma dizer que tem até 85% da lista definida – na convocação do dia 7 de novembro, numa segunda-feira às vésperas do embarque para a Copa. Funcionários dele viajarão antes para Turim, na Itália, onde a Seleção fará semana de treinamentos. No local, eles irão tirar as medidas que forem necessárias e enviarão ao estilista, que embarcará para a Europa somente no dia 16, levando as últimas peças.
Esta será a segunda Copa seguida que o estilista vai assinar a coleção utilizada pela delegação brasileira para viajar. A estreia foi em 2018, na Rússia, após convite de Edu Gaspar, coordenador da Seleção na época.
– Logo que começou a Copa do Mundo, nossos jogadores iam de terno. Depois, com a história de patrocínio da parte esportiva, eles passaram a viajar de roupa esportiva. Mas as seleções europeias sempre chegavam bem vestidas. Isso era minha maior frustração, ver o Brasil chegar de agasalho e não chegar chegando, mostrando que ele também é poderoso. A roupa faz uma super diferença. Você vê os italianos chegando de paletó super bem feitos, calças de alfaiataria e o Brasil chegar de agasalho. Eu não acreditava, falava: não é possível – comenta Ricardo Almeida.
– É interessante o Brasil chegar com mais poder, até os próprios jogadores chegam com mais confiança.