Embora o fato tenha ocorrido há algumas semanas, apenas hoje conseguimos realizar todas as apurações necessárias que são fundamentais para o bom jornalismo, deste modo iremos narrar de forma cronológica a trágica morte do senhor Deraldino dos Santos.
O senhor Deraldino Francisco dos Santos veio a óbito após aguardar 17 longas horas por uma remoção de projetil balístico em seu abdômen. A família relata que o idoso, as 22h00min do sábado [primeiras semanas do mês de junho] disparou acidentalmente uma espingarda artesanal na região do umbigo. Após o barulho do estampido da bala, e os gritos do idoso, a sua filha Juliana, que reside na mesma casa em que o seu pai acionou desesperadamente os demais familiares para que prestassem socorro ao idoso que já estava convalescendo. Em poucos minutos o genro do idoso, o senhor Rogério ligou para o SAMU, no entanto, devido a dificuldade de acesso a área em que vivem (Ponto do Maneca) a ambulância não pôde chegar com a agilidade necessária, deste modo, os familiares e amigos colocaram o idoso em um veículo e decidiram por conta própria leva-lo ao hospital municipal.
As 22h30min já se dirigindo para o HRE, os familiares do senhor Deraldino se depararam com a ambulância do SAMU, que prontamente fez todos os procedimentos necessários para salvar a vida do idoso ainda dentro da ambulância. As 23h00min horas quando por fim chegaram ao hospital regional, os familiares estranharam que o idoso não passou imediatamente por uma cirurgia para remoção da bala, e que pequenos procedimentos estavam sendo realizados, enquanto o idoso gemia de dor.
O genro do senhor Deraldino, irritado com tamanha demora no atendimento, relatou a nossa equipe que chegou a discuti com o médico plantonista; quando questionou se já haviam realizado a ultrassonografia no idoso ou Raio X, Rogério diz que o medico categoricamente afirmou que talvez nem fosse necessário realizar a cirurgia. Mesmo sem entender como proceder neste tipo de situação, Rogério continuou debatendo com o médico, pois temia a morte do seu sogro. Porém, o médico continuou afirmando que não necessariamente poderia ser um caso para um procedimento cirúrgico.
Os familiares do idoso comprovaram que não havia profissionais de plantão para realizar uma ultrassonografia, fato também comprovado por nossa reportagem ao questionar a direção do HRE se nos fins de semana algum ultrassonografista cumpre plantão nos fins de semana.
O idoso permaneceu sendo medicado, e os familiares atestam que apenas no final da tarde do DOMINGO foi que a equipe médica decidiu realizar a cirurgia no idoso.
As 17h00min o idoso passou pela intervenção cirúrgica, e as 20h00min já foi conduzido para a ala amarela, fato que estranhou a sua filha, pois pela gravidade do ferimento, de forma leiga, a mesma afirma que o melhor teria sido encaminha-lo para a ala vermelha. O idoso estava com muita secreção espumosa na boca, e reclamava de dores intensas. Por fim, as 05h00min da manhã da SEGUNDA-FEIRA o senhor Deraldino veio a óbito “nos braços” de sua filha.
Eu tenho certeza que se o meu pai tivesse sido operado logo quando chegou, provavelmente não estaria morto, estamos desolados, minha mãe é bastante idosa, ela o amava muito, temo que ela entre em depressão profunda e não consiga resistir. Relata Juliana.
O OUTRO LADO
Entrevistando a diretora do HRE, Nathielly Medeiros, ela garante que todo o procedimento para salvar a vida do senhor Deraldino foi realizado, e que existe um protocolo a ser seguido antes de qualquer cirurgia. Quando questionada sobre a ausência de um profissional para realizar ultrassonografias de emergência nos fins de semana, a diretora afirma que realmente não existe uma escala especifica, mas que há um profissional de prontidão para eventualidades.
Segundo a direção do Hospital, o idoso foi reavaliado as 04h20min da manhã do domingo, horas após o lamentável incidente, e que às 16h50min da tarde do domingo, aproximadamente 17 horas após ter dado entrada no hospital.
Por: Alinne Werneck / Girobahia
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